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As Funções das Histórias

 

Peseschkian (1) autor do livro: O mercador e o papagaio: histórias orientais como ferramentas na psicoterapia, salienta que as histórias compreendem seis funções.

 

A primeira destas funções, a Função Espelho, é como o próprio termo diz, o reflexo da própria imagem, favorecendo a pessoa a se identificar mais facilmente com a história, auxiliando o paciente a “projetar as suas necessidades na história e moldar os seus significados de uma maneira que reflitam suas próprias estruturas psíquicas no momento”.

 

A Função Modelo é considerada um protótipo das experiências que estão sendo experimentadas pela pessoa. Com ela cada indivíduo cria seu próprio modelo e observa outros modelos para replicar. Peseschkian afirma: “Elas reproduzem situações de conflito e revelam soluções possíveis, isto é, elas assinalam os resultados de tentativas individuais de resolver o conflito. Por meio do trabalho com o modelo, elas promovem a aprendizagem”.

 

Ideias, normas, regras, crenças, mitologias pessoais são construídas com o passar dos anos, devido ao contexto familiar da pessoa, bem como suas experiências de vida, traumas, entre outros. Isso pode vir a criar em muitas situações, padrões e mecanismos de defesas que geram angústias e conflitos. Muitos pacientes podem não perceber que isso pode vir a afetar e interromper a realização de mudanças concretas, agindo como mecanismos de defesa que podem dificultar o processo terapêutico.

 

Diante disto, a Função Mediação pode ser utilizada como um bom instrumento intermediário, evitando o enfrentamento direto com o paciente. Recorrendo as histórias como papel de intermediar, entre o psicólogo e o paciente.

Peseschkian conclui, “Dessa maneira, inicia-se um processo trilateral: paciente-história-terapeuta. A história assume o papel funcional de um filtro. Para o paciente, ele representa um escudo que lhe permite, pelo menos temporariamente, largar seus mecanismos de defesa, que são carregados de conflitos”.

 

O Efeito Repositório ou Função Repositória compreende que a história pode ser utilizada e memorizada em várias outras situações, mesmo que isso tenha ocorrido muito tempo depois. Por intermédio das imagens, as histórias podem ser espontaneamente rememoradas em situações análogas e empregadas de diversas formas. Sobre isso Peseschkian diz que, “a história funciona como um armazém. Afeta o paciente por um longo período de tempo e torna-o independente do terapeuta”.

 

Dentro do setting terapêutico normalmente ocorre um ambiente acolhedor, acessível, conciliador e responsável, gerador de um clima de confiança que permite a intuição e a criatividade despontar, propiciando o encontro com a imaginação, portanto, a chamada

 

Função Regressiva possibilita, “dentro da estrutura terapêutica, as história permitem ao adulto descartar o seu manto de comportamentos adquiridos e experimentar com divertimento e carinho as ideias e atitudes de outrora”.

 

Pertinente enfatizar que o terapeuta, expondo uma história, não determina ou aponta uma formulação definida ou preestabelecida, ele apenas apresenta um diferente ou conceito adicional de um cenário ou circunstância retratada.

 

A Função Contraconceito oportuniza essa situação na qual, o terapeuta apenas “oferece ao paciente um contraconceito, que este poderá aceitar ou rejeitar .... Portanto as histórias são apenas um caso excepcional de comunicação humana, no qual conceitos são também trocados”.

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFIAS:

1- Peseschkian, N. (2011). O mercador e o papagaio: histórias orientais como ferramentas na psicoterapia. 2 ed. (L. H. Beust,  R. Waker, trads.). Campinas, SP: Bahà’í do Brasil.