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O Papel do Terapeuta e como os contos poderão contribuir no processo de encontro de sentido

 

A função do Logoterapeuta requer uma postura ativa para despertar no paciente o sujeito sadio interno e dar-lhe assistência na busca de sentido. A Logoterapia fornece possibilidades preventivas ao fortalecer os fatores protetores, de enfrentamento, riscos que, em intensidades diferentes estão presentes em toda a vida humana, e alcançar um equilíbrio. Freitas (2) destaca que, “é fundamental despertar na pessoa a ampliação de visão para que sejam percebidas as inúmeras possibilidades de realização de sentido que a vida oferece; não só a visão, mas também a coragem para esta realização”.

 

Nesta linha considera-se que, através da exposição de contos é possível promover o autodistanciamento, um dos conceitos mais utilizados por Frankl (1) e uma característica essencialmente humana que permite a autopercepção e autocrítica: a capacidade em tomar distância não só de uma situação, mas também de si mesmo, visualizar possibilidades para eleger uma atitude perante a si mesmo. Frankl assegura, “O paciente é capacitado a se colocar numa posição distanciada de sua própria neurose”. E Elizabeth Lukas (3)(4)  acrescenta, “Assim, a Logoterapia conta com um crescimento espiritual de seus pacientes por meio da realização de sentido”.

 

Criação e imaginação são os elementos fundamentais para o autoposicionamento do ser humano perante a existência. Observa-se válida a utilização de contos como recurso terapêutico nas mais diversas e variadas formas, como mais uma contribuição na busca de sentido. Peseschkian (5) compreende o auxílio relevante das histórias como interventor no processo terapêutico: “Histórias que podem ser usadas como elementos mediadores entre terapeuta e paciente são uma ajuda importante. Dão ao paciente uma base de identificação e, ao mesmo tempo, lhe serve de proteção. Por meio da identificação com a história, ele fala de si, dos seus conflitos e dos seus desejos”.

 

Mesmo uma narrativa de ficção auxilia a assimilar, integrar, iluminar e revelar, caminhos, circunstâncias e alternativas até então não percebidas nem consideradas. Uma vez ilustrado, estimula e incentiva em elaborar uma resposta própria e significativa permitindo á pessoa que o escuta apropriar-se e posicionar-se perante a vida. O acompanhamento Logoterapêutico faz-se necessário para elaborar e fortalecer os fatores de proteção e minimizar os fatores de risco.

 

Peseschkian (5) confirma o método como “Um fator adicional [que] tem sido a conexão entre a sabedoria e os pensamentos intuitivos do Oriente Médio e os novos métodos psicoterapêuticos do Ocidente”.

 

Quando o paciente se encontra numa situação crítica que o inibe de decidir e atuar de forma consciente, o contar histórias ou contos podem auxiliar o indivíduo a transformar-se, reagir, assumir características dinâmicas diferenciadas da qual se encontra bloqueado. Ressalta Lukas (4) que, “nas mãos certas e no momento certo, a sugestão é um remédio que pode ser aplicado na terapia com ótimos resultados”.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- Frankl, V. E. (2014). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 35 ed. (W. O. Schlupp e C. C. Aveline, trads.). São Leopoldo, RS: Sinodal; Petrópolis: Vozes.

2- Freitas, M. L. S. (2013). Afrontamento e Superação de Crises – Contribuições da Logoterapia. 1 ed. Ribeirão Preto, SP: IECVF.

3- Lukas, E. (2005). Histórias que curam... Porque dão sentido à vida. (C. A. Pereira, trad.). Campinas, SP: Versus Editora.

4- Lukas, E. (2012). Psicoterapia em dignidade: orientação de vida baseada na busca de sentido de acordo com Viktor E. Frankl. 1 ed. (H. H. Reinhold, trad.). Ribeirão Preto, SP: IECVF.

5- Peseschkian, N. (2011). O mercador e o papagaio: histórias orientais como ferramentas na psicoterapia. 2 ed. (L. H. Beust,  R. Waker, trads.). Campinas, SP: Bahà’í do Brasil.