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Como os contos poderão contribuir no Processo de encontro de Sentido

 

Considera-se que, através da exposição de contos é possível promover o autodistanciamento, um dos conceitos mais utilizados por Frankl (1) e uma característica essencialmente humana que permite a autopercepção e autocrítica: a capacidade em tomar distância não só de uma situação, mas também de si mesmo, visualizar possibilidades para eleger uma atitude perante a si mesmo. Frankl afirma, “O paciente é capacitado a se colocar numa posição distanciada de sua própria neurose”. Freitas (2) reforça, “portanto, o homem pode transcender-se a si mesmo (autotranscendência) e distanciar-se de si mesmo (autodistanciamento)”.

 

Observa-se válida a utilização de contos como recurso terapêutico nas mais diversas e variadas formas, como mais uma contribuição na busca de sentido. Peseschkian (5) compreende o auxílio relevante das histórias como interventor no processo terapêutico: “Histórias que podem ser usadas como elementos mediadores entre terapeuta e paciente são uma ajuda importante. Dão ao paciente uma base de identificação e, ao mesmo tempo, lhe serve de proteção. Por meio da identificação com a história, ele fala de si, dos seus conflitos e dos seus desejos”.

 

Peseschkian (5) confirma o método como “Um fator adicional [que] tem sido a conexão entre a sabedoria e os pensamentos intuitivos do Oriente Médio e os novos métodos psicoterapêuticos do Ocidente”.

 

Quando o paciente se encontra numa situação crítica que o inibe de decidir e atuar de forma consciente, o contar histórias ou contos podem auxiliar o indivíduo a transformar-se, reagir, assumir características dinâmicas diferenciadas da qual se encontra bloqueado.

 

As histórias possuem feições múltiplas e transformadoras que tem potencial em mostrar uma riqueza inédita de ações e atitudes e auxilia no processo de encontro de sentido, força desafiadora que abrange como referencial importante na formação do indivíduo e da coletividade. 

 

A narração de contos é uma ferramenta proveitosa e adequada que auxilia a pessoa no processo de busca de sentido, considera os valores e as relações sociais, examina os conflitos, sugere uma análise crítica do passado, determina o alcance de mudanças e novas atitudes e estimula a autotranscendência. É uma ferramenta impactante e transformadora, um verdadeiro fio condutor invisível que conecta a pessoa em terapia com a pessoa do terapeuta para uma verdadeira transformação em busca de sentido.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- Frankl, V. E. (2014). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 35 ed. (W. O. Schlupp e C. C. Aveline, trads.). São 2- Leopoldo, RS: Sinodal; Petrópolis: Vozes.

3- Freitas, M. L. S. (2013). Afrontamento e Superação de Crises – Contribuições da Logoterapia. 1 ed. Ribeirão Preto, SP: IECVF.

4- Lukas, E. (2005). Histórias que curam... Porque dão sentido à vida. (C. A. Pereira, trad.). Campinas, SP: Versus Editora.

5- Lukas, E. (2012). Psicoterapia em dignidade: orientação de vida baseada na busca de sentido de acordo com Viktor E. Frankl. 1 ed. (H. H. Reinhold, trad.). Ribeirão Preto, SP: IECVF.

6- Peseschkian, N. (2011). O mercador e o papagaio: histórias orientais como ferramentas na psicoterapia. 2 ed. (L. H. Beust,  R. Waker, trads.). Campinas, SP: Bahà’í do Brasil.